AULA 1 “NO MUNDO TEREIS
AFLIÇÕES”
INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE.
-Teremos um trimestre “temático”, ou
seja, estudaremos sobre as aflições desta vida presente.
TITULO: VENCENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA.
Estaremos a analisar as aflições desta
vida terrena, que serve como que complemento para o tema do primeiro trimestre,
em que estivemos a verificar, como os amados irmãos se recordam, a falácia da
“teologia da prosperidade”.
Naquela ocasião, vimos que o mote
“pare de sofrer” que alguns têm adicionado ao Evangelho de Jesus Cristo não
corresponde à realidade bíblica. Muito pelo contrário, as Escrituras
mostram-nos, com absoluta clareza, que ao justo, ao salvo está destinado viver
neste mundo sob o impacto de aflições e de sofrimentos, aflições e sofrimentos,
entretanto, que não são para comparar com a glória que será revelada a todos
quantos crerem em Jesus e permanecerem fiéis até o fim (Rm.8:18).
SUB-TITULO: MUITAS SÃO AS AFLIÇÕES DO SUSTO, MAS O SENHOR O LIVRA DE
TODAS.
O subtítulo do tema deste trimestre
Salmo 34:19, onde Davi canta ao Senhor após ter passado por um dos momentos
mais angustiantes de sua vida, quando foi levado até Gate, a terra de Golias,
até a presença do rei Abimeleque, quando teve de se fazer de doido para não
morrer.
Naquela oportunidade, Davi aprendeu
uma lição que lhe seria valiosíssima em todo o restante de sua vida, qual seja,
a de que o Senhor nem sempre livra o justo DA aflição, mas que Se faz
companheiro, amigo e protetor NA aflição. Por isso, não podemos esperar que a
salvação em Cristo Jesus nos livre dos problemas desta vida, nem tampouco das
dificuldades, mas, sim, que venha a estar conosco para que, em tais situações,
sejamos vencedores e instrumentos para a glorificação do nome do Senhor.
Em vez de parar de sofrer, o Senhor
prometer estar conosco para que vençamos as aflições deste mundo.
Capa da revista.
A capa da revista deste trimestre
traz-nos uma armadura típica dos soldados romanos dos dias apostólicos,
armadura esta que foi utilizada pelo apóstolo Paulo para figurar a verdadeira
batalha espiritual que se trava entre os salvos e as hostes espirituais da
maldade.
Em Ef.6:10-18, Paulo mostra a
realidade de nossa peregrinação terrena, qual seja, a de uma vida em que,
apesar de estarmos em comunhão com o Senhor e, na verdade, por causa disto, nos
encontramos em intermitente conflito
contra o diabo e seus anjos, batalha esta que, inclusive, se estende tanto para
o mundo, que se encontra no maligno (I Jo.5:19), como para o nosso próprio
interior, uma vez que, enquanto não passarmos para a eternidade, livres ainda
não estamos do “corpo desta morte”, ou seja, da natureza pecaminosa, da carne,
que quer nos fazer pender para a morte (Rm.7:18-24; Gl.5:16,17).
O Senhor coloca à nossa disposição
toda uma armadura, para que sejamos vitoriosos neste embate contra o mal.
Todas estas armas, para poder ser bem
utilizadas, dependem do “preparo espiritual” do soldado, que é dado mediante a
oração e a vigilância perseverantes.
Divisão das lições do trimestre:
Introdução – lição 1 “Porque o
verdadeiro cristão sofre?”
Dramas biológicos – lições 2 e 3 “A
degeneração do corpo humano”
Dramas sociais – lições 4 a 6 “A
sociedade corrompida”
Dramas familiares – lições 7 e 8 “A destruição
ou divisão das familias”
Dramas materiais – lições 9 e 10 “Falta
de recursos necessarios para a sobrevivencia do homem”
Dramas de relacionamento – lições 11 e
12 “O fim do relacionamento harmonico”
A vitória sobre as aflições – lições
13 e 14. “Conclusão”
TEXTO ÁUREO:
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
Mesmo em meio à perseguição há uma paz
alegre na certeza da vitória em Cristo (Is 9.6; Rm5.1; Ef 2.14; 2Tm 3.12; Rm
8.37; 1Jo 4.4).
- Jesus só nos deixou uma certeza em
nossa vida terrena: as aflições.
I – A SALVAÇÃO NÃO ELIMINA AS AFLIÇÕES DA VIDA TERRENA
- Damos início a mais um trimestre letivo, trimestre este em que
estudaremos como vencer as aflições desta vida, quase que um complemento do
primeiro trimestre deste ano, quando verificamos o que é a verdadeira
prosperidade bíblica, prosperidade esta que não significa, em absoluto,
imunidade contra as dificuldades desta vida.
- Quando verificamos o que o Senhor
disse ao primeiro casal, por ocasião da sua queda, a respeito do que
significava a salvação, que Deus solenemente prometia providenciar ao homem,
bem percebemos que não se poderia, mesmo, conceber uma salvação que livrasse o
homem das agruras desta vida.
- O Senhor, no juízo que fez sobre o
primeiro casal, foi bem claro ao afirmar que a salvação representaria o
restabelecimento entre a amizade entre Deus e o homem, impossibilitada por
causa do pecado, o que representaria, “ipso facto”, a inimizade com a serpente,
ou seja, com o maligno (Gn.3:15).
- A salvação implicaria em se pôr
“inimizade entre o ser humano e a serpente”, ou seja, o homem passaria a ser
inimigo do diabo e, por conseguinte, inimigo do mundo, já que, quem é amigo de
Deus se torna inimigo do mundo (Tg.4:4). Por isso, o Senhor Jesus disse que
nada tinha com o príncipe deste mundo (Jo.14:30) e, se somos participantes da
natureza divina (I Pe.1:4), igualmente nada temos com ele, até porque o mundo
está no maligno (I Jo.5:19).
- Surge, pois, em virtude da salvação
na pessoa de Jesus Cristo, uma dissociação, um conflito entre o salvo e o
maligno, circunstância esta que, de pronto, nos leva a uma vida de conflito, de
embate espiritual, uma luta contínua, intensa e incessante, o que, por si só,
impede que tenhamos sossego, tranquilidade ou uma situação de quietude enquanto
peregrinarmos nesta Terra.
- Jesus, mesmo, disse que, neste
sentido, não tinha vindo para trazer paz para a terra, mas, bem ao contrário,
trouxera divisão e conflito, uma verdadeira guerra (Mt.10:34-36; Lc.12:49-53),
uma vez que a Sua vinda trouxe a possibilidade de salvação e resgate do homem
que, livre do maligno, passou a ser inimigo deste que, com todas as suas hostes
espirituais (Ef.6:12), tenta, de todas as formas, impedir que o salvo persevere
até o fim e alcance a glorificação.
- Este conflito, trazido pela salvação
em Cristo Jesus, começa em nós mesmos, uma vez que, com a salvação, nosso
espírito é vivificado e, assim, passamos a dominar sobre a natureza pecaminosa,
a carne, que continua em nosso interior. Passa a existir, assim, uma luta entre
a carne e o espírito em nosso interior (Gl.5:16,17), luta incessante e que
somente findará quando passarmos para a eternidade.
- Esta constante luta, que se inicia
no próprio interior do salvo em Cristo Jesus, é a própria origem das aflições.
SIGINIFICADO DE AFLIÇÃO: Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “estado daquele que está aflito; sentimento
de persistente dor física ou moral; ânsia, agonia, angústia; profundo
sofrimento”. Vem da palavra latina “afflictio,onis”,
cujo significado é “aflição,
inquietação, opressão”. A raiz da palavra é “-flig-”, que tem o sentido primordial de “bater, chocar, golpear”, mostrando, assim, que toda “aflição” é um golpe, um ataque, algo
que abala a estabilidade de alguém.
Na maior parte das vezes, no Antigo
Testamento, a palavra “aflição”, na Versão Almeida Revista e Corrigida, é
tradução da palavra hebraica “ ‘oniy”
(עני), cujo significado é “problema”, “pobreza”, “miséria”. Já a
palavra “aflições”, nas duas vezes em que aparece nesta versão no Antigo
Testamento, é tradução, em Sl.34:19 de “ra’”
(רע), cujo significado é “mal, maligno, adversidade” (também
traduzida por “aflição” em outras passagens, como Sl.107:39) e em Sl.132:1, de
“ ‘anah” (ענה), cujo significado é “aquilo que abate, humilha, intimida,
amedronta” (em Hc.3:7, há uma variação desta palavra traduzida por
“aflição”, a saber, “ ‘aven” – אןז).
Notamos, pois, que, no Antigo Testamento, a ideia de “aflição” está
vinculada, precisamente à ideia de um confronto, de uma oposição, de algo que
se põe contra alguém e que lhe traz abatimento, opressão e adversidade.
Em o Novo Testamento, a palavra “aflição” ou “aflições” é tradução de
duas palavras gregas. A primeira, usada, Mt.24:21 e em Jo.16:33, é “thlipsis”
(θλιψις), cujo significado é de “tribulação”, “aquilo que mói, que tritura”; a
outra é “pathema” (πάθεμα), usada, em Rm.8:18, com algumas variações,
cujo significado é de “sofrimento”. Ambas as palavras falam-nos, pois, de
algo que se apresenta contra cada um de nós, que nos constrange, que nos abate,
que nos faz sofrer.
- Nas Suas últimas instruções, o
Senhor Jesus foi claríssimo ao dizer que, neste mundo, nós teríamos aflições
(Jo.16:33). O Senhor poderia ter dito que, neste mundo, os salvos seriam
abençoados, curados, batizados com o Espírito Santo, mas, como Ele é a verdade,
a única coisa que nos garantiu, com absoluta certeza e de modo geral, é que os
salvos teriam aflições. Nem todos são curados, nem todos são batizados com o
Espírito Santo, mas, certamente, desde o instante em que recebemos a Cristo
como nosso único e suficiente Senhor e Salvador, passaremos a ter aflições
neste mundo, visto que nos tornamos inimigos do mundo e amigos de Deus.
- Por isso, o próprio Senhor Jesus disse que quando tudo estivesse bem em
nossas vidas, quando todos estivessem a dizer bem de nós, seria um momento para
pararmos e refletirmos sobre a nossa vida espiritual, pois isto será um sinal
de que as coisas não andam bem, visto que estaremos sendo tratados como os
falsos profetas (Lc.6:26).
- Não estamos aqui a dizer que os
salvos em Cristo Jesus devem ser masoquistas, ou seja, desejarem sofrer,
quererem o sofrimento. Jesus disse-nos que as aflições são inevitáveis, não que
devem ser desejáveis. Nenhum crente gosta de sofrer, nenhum crente tem prazer
na aflição, na angústia ou no sofrimento, mas não deve se esquecer que,
enquanto estiver neste mundo, não podemos esperar senão aflições, angústias e
sofrimentos. É uma realidade da qual não podemos escapar.
- Dizer que a salvação nos faz imunes
a todo e qualquer sofrimento é uma mentira e, como toda mentira, algo
proveniente diretamente as hostes espirituais da maldade, cujo chefe é o
próprio pai da mentira (Jo.8:44). Somente haveremos de ficar livres das
aflições deste tempo presente quando nos encontrarmos com o Senhor nos ares,
quando, então, na glorificação, não mais teremos de sofrer.
- Não bastasse esta realidade de que a salvação não elimina as aflições
desta vida terrena, temos, também, de compreender que, com o pecado, toda a terra
se tornou maldita (Gn.3:17-19), maldição esta que a criação geme, aguardando a
sua redenção (Rm.8:19-22), redenção esta, entretanto, que somente advirá no
reino milenial de Cristo.
- Deste modo, não há como esperarmos
que se construa um “paraíso terrestre”, pois a terra se encontra maldita pelo
pecado e, deste modo, não pode nos trazer benesses nem estar ao nosso lado em
nosso embate espiritual. Pelo contrário, o próprio Deus a pôs a terra como um
adversário a se contrapor aos interesses humanos.
- A salvação não nos tira deste mundo. Apesar de salvos, disse-nos o
Senhor Jesus, continuamos neste mundo (Jo.17:11) e, inclusive, o Senhor não
pede para que dele sejamos tirados (Jo.17:15), sinal de que teremos de
enfrentar todas as adversidades existentes por causa da entrada do pecado.
- Embora resgatados do pecado, somos mantidos nesta terra que, para os
salvos, passa a ser, de modo consciente, “a terra de aflição e de angústia,
donde vem a leoa, o leão, o basilisco e a áspide ardente voadora”, cujos
tesouros não nos pode aproveitar em coisa alguma (Is.30:6). Mas é necessário
que, para nosso próprio bem, aqui continuemos, para que alcancemos a varão
perfeito, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13).
II – O PAPEL DAS AFLIÇÕES DESTE TEMPO PRESENTE EM NOSSA VIDA ESPIRITUAL
Diante da realidade de que, neste
mundo, teremos aflições, precisamos verificar como elas são apresentadas nas
Escrituras Sagradas, a fim de que possamos enfrentá-las corretamente, vez que o
Senhor nos garante a vitória sobre elas, garantia esta que está bem demonstrada
na Sua própria vitória sobre este mundo (Jo.16:33).
- A primeira vez que a Versão Almeida
Revista e Corrigida fala em “aflições” é no Sl.34:19, quando Davi afirma que
“muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas”. Devemos
entender, nesta passagem que, como já dito na introdução supra, foi proferida
pelo salmista num momento extremamente angustiante de sua vida, não há como
fugirmos de muitas aflições.
- A vida do justo sobre a face da
Terra é uma sucessão de aflições. Como costumava dizer o saudoso pastor Walter
Marques de Melo (1933-2012), “depois de uma tempestade, vem outra tempestade”
na vida do cristão. O apóstolo Paulo disse que a vida do crente é “de fé em fé”
(Rm.1:17), algo que somente é possível precisamente porque, a cada instante de
nossas vidas, temos de confiar em Deus para superar as dificuldades e
obstáculos que diuturnamente se apresentam em nossa caminhada rumo ao céu.
- As aflições não são poucas. Diz a
Bíblia que são muitas. Por isso, ainda mais quando estamos a atravessar o
período que Jesus denomina de “princípio de dores” (Mt.24:8), ou seja, o tempo
que já prenuncia o pior período da história humana, não é para estarmos atrás
de “sombra e água fresca”, mas, sim, tempo de termos consciência de que
atravessamos um período extremamente difícil, em que servir a Deus será cada
dia mais difícil e angustiante.
- No entanto, o Senhor também inspirou Davi para dizer que, apesar de
serem muitas as aflições do justo, o Senhor o livra de todas. Aleluia! Deus
está conosco para nos garantir o livramento. Jamais teremos de suportar
sofrimentos, angústias ou adversidades maiores que as que podemos suportar. O
Senhor está conosco e tem condições de nos manter libertos do pecado e do mal,
garantindo que todas as dificuldades sempre contribuirão para o nosso bem
espiritual (Rm.8:28).
- Desta realidade, aliás, dá-nos testemunho o apóstolo Paulo, que, ao
falar de todas as suas aflições para o seu filho na fé, Timóteo, disse, sem
qualquer dúvida, que o Senhor o havia livrado de todas elas (II Tm.3:11) e, por
isso mesmo, concitava aquele jovem obreiro a não ter medo, mas, antes, assumir
que, como evangelista que era, deveria igualmente sofrer aflições em sua
peregrinação terrena (II Tm.2:3; 4:5).
- O justo não fica imune às aflições,
mas, se se mantiver justo, ou seja, se se mantiver obediente ao Senhor, temente
a Deus e guardador da Sua Palavra, certamente será liberto das dificuldades,
será vencedor nos embates contra o maligno, porque o Senhor assim o prometeu.
Por isso, o salmista podia dizer: “Olha para a minha aflição e livra-me, pois
não me esqueci da tua lei” (Sl.119:153). Crê nisto, amado(a) irmão(ã)? Se sua
fé não é suficiente para crer nesta promessa, ore como os discípulos do Senhor:
“Acrescenta-nos a fé” (Lc.17:5 “in fine”).
E, muitas vezes, a fé é aumentada através da aflição, como vemos no caso
de Israel (Ex.4:31).
- No Sl.132:1, o salmista, na vinda da
arca para Jerusalém, num momento de júbilo e de alegria, inicia seu cântico com
uma assertiva até certo ponto intrigante: “Lembra-Te, Senhor, de Davi e de
todas as suas aflições”. Mesmo num instante grandioso em que o rei Davi levava
a arca para Jerusalém, voltando a fazer o povo de Israel a pôr no centro de sua
vida o culto ao Senhor, depois de tantos anos de menosprezo, o salmista (que
bem pode ter sido o próprio Davi), pede ao Senhor que Se lembrasse de Davi e de
todas as suas aflições.
- As aflições, como se percebe, têm um caráter pedagógico
importantíssimo, qual seja, o de impedir que o homem, nos momentos felizes de
sua vida sobre a face da Terra, entenda que é um deus, que é dotado de poderes
extraordinários, que independe de Deus. Este sentimento, insuflado no gênero
humano pelo próprio Satanás (Gn.3:4,5), é uma das grandes armadilhas que fazem
com o que o homem venha a se perder eternamente.
- No momento de júbilo e glória, Davi
é lembrado, no salmo que era entoado enquanto se levava a arca a Jerusalém, que
tinha passado por muitas aflições, mas que estava naquela situação favorável
por causa exclusivamente da mão do Senhor. As
aflições permitem-nos revigorar a memória e lembrar quem somos e que, sem o
Senhor, nada podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”). É precisamente o que diz o
salmista no Sl.119, quando afirma que foi bom ter sido afligido, pois isto fez
com que ele guardasse a Palavra e aprendesse os Seus estatutos (Sl.119:67,71).
Não é por outra razão, também, que o escritor aos hebreus rememora àqueles
crentes, que estavam titubeantes quanto ao prosseguimento na jornada da fé, do
seu passado de grande combate de aflições (Hb.10:32).
- Por
isso, aliás, o Senhor mandou que Israel celebrasse anualmente a páscoa com
ervas amargas e pães asmos, símbolo da aflição que passaram no Egito (Nm.9:11;
Dt.16:3), para que, na Terra Prometida, jamais viessem a se esquecer que tinham
sido escravos no Egito (Dt.24:18,22), lembrança, inclusive, que os levaria a
ter um tratamento digno ao órfão, à viúva e ao estrangeiro. Na nova aliança,
não é diferente, pois temos sempre de comemorar a morte do Senhor, para nos
lembrarmos das Suas aflições, aflições estas que nos deram a salvação
(Lc.22:19; I Co.11:24,25).
- A aflição, muitas vezes, é o remédio usado por Deus para levar os
homens ao arrependimento de seus pecados e à conversão(I Rs.8:35; Sl.25:18).
Por intermédio da aflição, o Senhor faz-nos lembrar dos compromissos que com
Ele assumimos e, deste modo, afigura-se como uma oportunidade que temos de nos
arrepender e de voltarmos aos Seus pés (Sl.38:18).
- Esta é a razão pela qual Moisés, em
seu salmo, pede ao Senhor que nos alegre pelos dias em que fomos afligidos
(Sal.90:15), pois as aflições revelam a fidelidade do Senhor, ou seja, o Seu
compromisso de nos fazer o melhor (Sl.119:75). Que jamais caiamos na mesma
situação dos ninivitas que, por sua grande impiedade, não seriam mais afligidos
pelo Senhor (Na.1:12) e, por causa disto, foram inteiramente destruídos. Que
Deus nos guarde, amados irmãos!
- As aflições apresentam-se, também, como uma forma de nos levar nossa
mente e coração ao exemplo de Jesus. Quando o Senhor nos disse que, no mundo,
teríamos aflições, também disse que para que tivéssemos bom ânimo porque Ele
havia vencido o mundo (Jo.16:33).
- Através das aflições desta vida,
somos levados a observar, com mais cuidado, o exemplo de Jesus e isto só nos
faz bem em nossa vida espiritual, visto que devemos, neste mundo, olhar para
Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2). As aflições não permitem que
nos distraiamos e percamos o foco de nossa vida espiritual, o que é uma grande
bênção para todos os que estão caminhando para o céu.
- Quando somos afligidos, a fim de
ganharmos forças para vencermos, temos de olhar para o Senhor Jesus e, assim,
lembrando que Ele venceu o mundo, adquirimos o necessário bom ânimo para também
enfrentarmos as dificuldades e, por conseguinte, pela graça de Deus, vencê-las
em nome do Senhor.
- Neste passo, aliás, as aflições fazem-nos sentir que, realmente,
vivemos, já neste mundo, em comunhão com o Senhor, pois passamos a participar,
inclusive, das Suas aflições (Fp.3:10; Cl.1:24). Ao sofrermos como Ele sofreu,
temos mais um alento: a de que também seremos glorificados, como Ele foi
glorificado (Rm.8:17). Por isso, os apóstolos se regozijaram quando se viram
dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus (At.5:41), algo que também ocorreu
com Paulo (Cl.1:24) e que deve também ocorrer conosco, como nos ensina o
apóstolo Pedro (I Pe.4:13).
- As aflições, ainda, promovem o desencantamento do mundo e introduzem o
anelo pelo lar celestial. O apóstolo Paulo diz que as aflições deste tempo
presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada
(Rm.8:18). Assim, quando sofremos neste mundo, deixamos de tê-lo como algo
atraente, algo desejável e começamos a entender que, neste mundo, nada há de
tão bom que nos permita trocá-lo por aquilo que o Senhor Jesus tem nos
prometido.
- Diante de um colorido cada vez mais intenso do mundo, com suas
atrações, as aflições permitem-nos lembrar que tudo aqui é ilusão, que este
mundo é um mundo de ilusões e que a verdade está reservada para nós no lar
celestial para onde estamos caminhando. Não fossem as aflições desta vida,
certamente seríamos seduzidos por este mundo e perderíamos a nossa salvação.
- Um exemplo disso temos na vida de
José. O Senhor fê-lo passar por muitas aflições no Egito para que, quando se
tornasse governador daquela terra, não a desejasse. Assim é que, ao ter seu
segundo filho, José deu-lhe o nome de “Efraim”, que significa “aumento”,
“crescimento”, porque reconheceu que Deus o fizera crescer na terra da sua
aflição (Gn.41:52), mas agora governador do Egito, nem por isso passou a
desejar aquele lar, a ponto de ter feito seus irmãos jurarem que levariam seus
restos mortais para a terra de Canaã (Gn.50:25). As aflições têm o condão de
nos fazer desprender das coisas desta vida e foi esta uma das razões pelas
quais sobreveio a aflição sobre Israel no Egito, para que os israelitas
tivessem o mesmo sentimento que José tivera (Ex.3:17).
- Mas as aflições também nos permitem desfrutar do consolo divino. Assim
como nós sofremos as aflições, também, por causa delas, temos acesso à
consolação divina (II Co.1:5-7). São as aflições que nos permitem sentir a
companhia de Deus, a Sua presença em nós através d’Aquele que sempre está ao
nosso lado, o Espírito Santo. São as aflições que nos permitem experimentar que
Jesus cumpriu a Sua promessa de não nos deixar órfãos (Jo.14:18).
- As aflições permitem-nos, também, lembrar da humanidade de Cristo Jesus
e, deste modo, fazer-nos com que nos aproximemos mais ainda d’Ele,
compreendendo que tudo que passamos, Ele também passou, com o fim de ser o
Príncipe da nossa salvação (Hb.2:10).
- Ao passarmos pelas aflições desta
vida, temos a oportunidade de olhar para Cristo e vê-l’O não só como autor e
consumador da nossa fé, mas como alguém que também participou de todas as
aflições deste mundo e foi vencedor e que, portanto, nos entende, nos
compreende e nos ajuda a superar todas as dificuldades. Esta experiência da
companhia e da presença do Senhor junto a nós nesta peregrinação terrena é
sentida, ainda na antiga aliança, pelo salmista (Sl.22:24; 31:7; 106:44).
- As aflições permitem-nos sentir a
humanidade de Cristo, o que nos é fundamental pois é como homem que o Senhor
Jesus é nosso mediador diante do Pai (I Tm.2:5). Pelas aflições, desfrutamos daquela
comunhão direta com o Senhor e a experimentar a Sua intercessão diante do Pai.
Por isso, aliás, não têm razão alguma os romanistas quando dizem que é preciso
requerer a intercessão de santos ou de Maria, como “ajuda” a chegarmos a
Cristo, visto que as aflições nos fazem conformes à morte do Senhor, nos
aproximam d’Ele, pois Ele não é um inacessível e alguém que não nos pode
entender, visto que, nas aflições, Ele é coparticipante de tudo quanto estamos
a sofrer, pois Ele tudo padeceu para este mesmo fim. Aleluia!
- As aflições, ainda, fornecem autoridade aos ministros na casa do
Senhor. Pedro identificou o presbítero como aquele que era “testemunha das
aflições de Cristo e participante da glória que se há de revelar” (I Pe.5:1). Um obreiro é, antes de mais nada,
alguém que foi devidamente experimentado nas aflições, para, através delas,
mostrar o seu testemunho, que se constituirá em sinal de sua autoridade diante
dos irmãos.
- Um dos grandes problemas que
encontramos nas igrejas locais, na atualidade, é a presença de obreiros que
ainda não experimentaram as aflições deste mundo, que não foram devidamente
provados para, então, ser aprovados para o ministério, como, aliás, exige a
Palavra de Deus (I Tm.3:10). Hoje em dia, há um sem número de neófitos, ou seja,
pessoas que são espiritualmente imaturas, novatos, que ainda não foram
devidamente provados pelas aflições deste mundo, a fim de que demonstrem o seu
testemunho e, desta maneira, tenham condições de estar à frente do rebanho do
Senhor. É preciso sermos purificados e provados na fornalha da aflição
(Is.48:10)!
- As aflições, por fim, também permitem o desenvolvimento da nossa
vigilância espiritual. São elas que nos permitem perceber que o maligno está a
nos enfrentar, que estamos numa batalha espiritual e que, portanto, não podemos
pestanejar, não podemos dormir, pois corremos risco de sermos mortos se assim
agirmos.
- Por esta razão, o apóstolo Pedro
disse que, ao percebermos a aproximação do diabo que, como leão, vem bramando
buscando a quem possa tragar, devemos resistir-lhe firmes na fé, sabendo que as
mesmas aflições se cumprem entre os irmãos no mundo (II Pe.5:9).
- Esta vigilância não só nos faz ficar
alerta com relação ao inimigo, como também nos traz a consciência de que somos
o corpo de Cristo e que, portanto, tudo que estamos a passar é também algo que
os demais irmãos estão a sofrer. As aflições, desta maneira, produzem em nós um
sentimento de fraternidade, de amor fraternal, que é um sentimento fundamental
para que tenhamos crescimento espiritual, visto que só há como crescermos
espiritualmente quando os crentes mutuamente se ajudam e se relacionam.
- Este crescimento espiritual,
inclusive, decorre da própria aflição do irmão, pois, quando o vemos suportar
todas as adversidades com fidelidade e paciência, isto também nos encoraja a
seguirmos um tal exemplo, temos um fortificante espiritual para as nossas
próprias vidas, como, aliás, os tessalonicenses produziram no apóstolo Paulo
(II Ts.1:4).
III – AS AFLIÇÕES DESTE TEMPO PRESENTE
Assim que o homem ingressa neste
mundo, passa ele por aflições, uma vez que o pecado entrou neste mundo
(Rm.5:12) e o homem não foi feito para pecar. Antes mesmo que o ser humano
venha a respirar o ar deste planeta, ele já sente “o cheiro de morte” exalado
pelo sistema maligno que acorrenta a humanidade(II Co.2:16) e passa por
aflições e dificuldades em virtude do pecado. Basta vermos a escalada satânica
em prol do assassinato de seres humanos antes mesmo de seu nascimento, como a
destruição de ovos (por meio das “pílulas do dia seguinte”), de embriões
humanos (através da permissão de pesquisas com células-tronco embrionárias) ou
de fetos (através do aborto), sem falar nas más formações a que todos estamos
sujeitos uma vez concebidos.
- O primeiro drama, pois, que se apresenta ao ser humano é o que
poderíamos chamar de “dramas biológicos”. Feitos para viver eternamente e ter saúde perfeita,
por causa do pecado, nosso tempo de vida torna-se “tempo que falta para
morrer”, pois somos destinados ao pó de onde fomos tirados (Gn.3:19). Destarte,
vivemos sempre sob o problema existencial da morte, que nos causa, à evidência,
aflição, já que não foi para morrermos que fomos criados. É tanta esta angústia
trazida que houve filósofos, inclusive, que entenderam que a este problema
existencial se circunscrevia toda a humanidade (os filósofos chamados
“existencialistas”, como Martin Heidegger e Jean Paul Sartre).
- Ao lado desta aflição que é a certeza da morte física, temos, também, a
dura realidade das enfermidades, que nos acometem ao longo de nossa existência, tanto a
justos como a injustos. A enfermidade, que nos faz sentir a proximidade da
morte física, apresenta-se, pois, como outro drama biológico, que nos traz
aflições.
- Não é, entretanto, a morte física a
única consequência que temos em virtude do pecado. O próprio Deus disse ao
primeiro casal que haveria um relacionamento nada fraterno entre os seres
humanos, visto que eles estavam alijados do amor, que é o próprio Deus (I
Jo.4:8).
- Por isso, em razão do pecado, os homens odeiam-se mutuamente, pensam
somente em si próprios,
são egoístas e, como se verificou logo no limiar da história da humanidade
decaída, não pensam duas vezes em eliminar o seu irmão (Gn.4:8). Por isso, logo
o homem se vê afligido, também, pela violência social, pelo conflituoso
relacionamento com o próximo, que faz gerar um sem número de barbaridades, como
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, homicídios, parte
das chamadas “obras da carne”, descritas exemplificativamente pelo apóstolo
Paulo em Gl.5:19-21.
- Ao lado desta violência social, que
causa traumas, cada vez mais intensos e frequentes, eis que estamos no
“princípio de dores”, onde esta violência aumenta consideravelmente
(Mt.10:35,36; 24:5,6; II Tm.3:1-4), temos, também, como resultado a desigualdade social, a injustiça na
distribuição da riqueza produzida, gerando a exclusão social, a extrema
carência de recursos materiais para a própria sobrevivência, fazendo com que
muitos se aflijam grandemente apenas para conseguir sobreviver a cada dia,
excluídos estes que são apresentados, na lei de Moisés, na figura das viúvas,
dos órfãos e dos estrangeiros.
- Nesta mesma linha, há de se
acrescentar a estes fatores criadores de aflições a angústia decorrente das
dívidas, que já eram fator de desestabilização das pessoas na antiguidade,
quando elas, inclusive, perdiam a liberdade por causa do inadimplemento de suas
obrigações civis, como também a perda dos bens terrenos, notadamente quando se
coloca nestes bens a sua esperança e confiança.
- O pecado, também, ingressa como uma motoniveladora de alta capacidade
de destruição sobre a família, esta obra-prima de Deus, que, por ser uma
criação divina, é alvo especial das hostes espirituais da maldade que comandam
o sistema maligno mundano. Assim, às aflições já existentes se somam a questão
da divisão espiritual no lar e a rebeldia dos filhos.
- Como se isto fosse pouco, em
decorrência deste egocentrismo decorrente do pecado, ainda se tem o problema
terrível da inveja, que causou, aliás, o primeiro homicídio da humanidade e
cujo efeito deletério é tanto que a própria Bíblia diz que se trata de
“podridão dos ossos” (Pv.14:30).
- Cada uma destas aflições sempre estudadas durante este trimestre
letivo, dificuldades grandes que temos de enfrentar a cada dia mas que, estando
em Cristo, venceremos pela Sua graça.
IV. O
CRESCIMENTO E A PAZ NAS AFLIÇÕES
Desfrutamos de verdadeira paz nos momentos de aflições,
pois o Senhor Deus, como soberano, tem pleno domínio sobre a vida do cristão. E
sendo assim, qualquer aflição que nos acometa é da vontade permissiva de Deus,
o que nos garante que, se Ele quiser, tudo o que está acontecendo conosco
certamente será revertido.
1. A
soberania divina na vida do crente. A
soberania divina na vida do crente é a garantia de que as promessas de Deus
jamais falham. E a análise desta prerrogativa do Senhor é importantíssima para
o fortalecimento de nossa fé. A soberania de Deus recebe forte ênfase nas
Escrituras Sagradas. Nela, o Senhor é apresentado como o Criador, e Sua vontade
como a causa de todas as coisas. Em virtude de Sua obra criadora, o céu, a
terra e tudo o que eles contêm lhe pertencem. Ele está revestido de autoridade
absoluta sobre as hostes celestiais e sobre os moradores da terra. Ele sustenta
todas as coisas com a Sua onipotência, e determina os fins que elas estão
destinadas a cumprir. Ele governa como Rei no sentido mais absoluto da palavra,
e todas as coisas dependem dele e lhe são subservientes.
A menos que nós cheguemos ao ponto de crer e aceitar a
soberania de Deus sobre as nossas vidas e sobre tudo o que nos acontece, não
seremos capazes de reagir de uma maneira cristã em relação a tudo que nos
ocorre nesta vida terrena. Na verdade, não seremos capazes de lutar contra o
mundo conforme ele é hoje. Poderemos ser vencidos, desencorajados e alarmados,
se não reconhecermos que Deus, por meio de sua vontade soberana e imutável,
está no pleno controle de todas as coisas. Nada em nossa vida é acidente,
incidente ou coincidência.
Jó reconheceu isto, quando disse, em meio às suas
terríveis aflições: “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o
mal?” (Jó 2:10). A sua esposa lhe havia sugerido que amaldiçoasse a Deus e
morresse; Jó, porém, ainda que não pudesse entender o motivo, discerniu
corretamente que todas as suas aflições haviam sido, de alguma maneira,
enviadas por Deus. Jó estava expressando o fato de que, embora o homem seja uma
criatura racional e responsável por suas decisões e atitudes, Deus ainda é
soberano e realiza a sua própria vontade, sem pisotear a nossa. Esta soberania
de Deus é a rocha sobre a qual repousa a consolação do crente.
2. Tudo
coopera para o bem. Deus faz todas as
coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito. Assim expressou o apóstolo Paulo: “E sabemos que todas
as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito”(Rm 8:28, ARA). Talvez nem sempre pareça ser o
caso. Por vezes, quando passamos por momentos de aflição, tragédia, decepção,
frustração ou tristeza profunda, perguntamo-nos se a dor resultará em algum
bem. Certamente, tudo o que Deus permite em nossa vida tem o objetivo de nos
conformar à imagem de seu Filho(Rm 8:29). Quando percebemos isso, a dúvida é
dissipada. Nossa vida não é controlada por forças impessoais como o acaso, a
sorte ou o destino, mas por um Deus maravilhoso e pessoal, que é amoroso demais
para ser insensível e sábio demais para errar. Glórias sejam dadas ao nosso
Senhor Jesus!
3.
Desfrutando a paz do Senhor. Ele
prometeu: “... a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se
turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27). Mesmo vivendo em um
mundo de aflições, podemos experimentar a paz do Senhor Jesus:
· Não a falsa
paz das coisas cobiçadas normalmente pelos homens: prazer, fama e riqueza.
Estas coisas geram preocupação, ansiedade e remorso. Elas não satisfazem os
desejos da alma imortal, nem são capazes de alcançar aquela paz pela qual o eu
mais profundo suspira.
· Não a paz
como os homens do mundo dão. Eles se cumprimentam com palavras e gestos de paz,
porém são palavras vazias; professam amizade, dão apertos de mão, beijos e
abraços que não traduzem paz, porquanto são meramente formais, frequentemente
insinceros.
· Não como os
sistemas de filosofia e falsas religiões dão. Eles professam a paz, mas ela não
é real. Tais sistemas filosóficos e religiões não passam de falsos paliativos.
Não tranquilizam a voz da consciência culpada; não removem o pecado - origem da
ausência da paz; não reconciliam o espírito com Deus.
A Paz que o Senhor nos dá é tal que satisfará todos os
anseios da nossa alma; silenciará os alarmes da consciência; permanecerá
sempre, mesmo em meio a todas as mudanças e tempestades; não nos deixará nem na
hora da nossa morte, porque o Senhor mesmo é o Príncipe da Paz.
O Evangelho de Marcos, no capítulo 4:35-41, relata que
certa feita Jesus e os discípulos
propuseram atravessar o Mar da Galiléia em direção à praia leste. Não fizeram
nenhum preparativo de antemão. Outros barcos o seguiam. Então, de repente, um
grande temporal surgiu. Enquanto a tempestade rugia com toda fúria, Jesus
estava dormindo. Os discípulos, apavorados, o despertaram, censurando-o por sua
aparente falta de preocupação com a segurança deles. Será que Jesus sabia que a
tempestade viria? É óbvio que sim. Ele sabe todas as coisas; nada o apanha de
surpresa. Então, se sabia, por que dormiu? Ele dormiu por duas razões: dormiu
porque descansava totalmente na providencia do Pai; dormiu porque sabia que a
tempestade seria pedagógica na vida dos seus discípulos. O fato de Jesus estar descansando
durante a tempestade já deveria ter acalmado e encorajado os discípulos. Jesus
estava descansando na vontade do Pai e sabia que o Pai podia cuidar dele
enquanto dormia. Jonas dormiu na tempestade com uma falsa segurança, visto que
estava fugindo de Deus. Jesus dormiu na tempestade porque ele estava
verdadeiramente seguro na vontade do Pai. O Senhor, despertando, repreendeu o
vento e as ondas. A Paz foi imediata e completa. Depois, Jesus brevemente
ralhou com seus seguidores por temerem e não confiarem. As tempestades da vida
podem nos abalar, mas não abalam o Senhor. Elas podem ficar fora do nosso
controle, mas não fora do controle de Jesus.
Conta-se que certo rei ofereceu um prêmio ao artista
que pintasse o melhor quadro da paz. Muitos artistas tentaram. O rei examinou
todos os quadros, mas havia apenas dois dos quais ele realmente gostou, e teve
que escolher entre eles:
* Um quadro era de um lago tranquilo. O lago era um
espelho perfeito para pacíficas torres de montanhas ao redor dele. No alto
estava um céu azul com nuvens brancas. Todos que viam este quadro
consideravam-no um quadro perfeito da paz.
* O outro quadro também tinha montanhas. Mas estas eram
acidentadas e nuas. Acima estava um céu irado de onde caía a chuva, e
relâmpagos eram vistos. Lá embaixo, ao lado da montanha, caía uma cascata
espumante. Isto não parecia de forma alguma um quadro da paz. Só que o rei
escolheu este segundo quadro. Sabe por quê? Quando o rei olhou, atrás da
cascata viu um minúsculo arbusto crescendo numa rachadura na rocha. No arbusto
um pássaro-mãe havia construído seu ninho. Ali, no meio da fúria das águas
correntes, deitou-se o pássaro-mãe em seu ninho, em paz perfeita. O rei
explicou: "Paz não quer dizer estar num lugar onde não há qualquer
barulho, problema, ou trabalho duro. Paz quer dizer estar no meio de todas
essas coisas e ainda assim estar tranqüilo no seu coração. Este é o significado
da paz real". Por isso, a Paz é uma das virtudes do Fruto do Espírito
Santo (Gl 5:22), pois ela permanece mesmo em meio ao perigo e circunstâncias
contrárias. Isaías declara: “Tu conservarás em perfeita paz aquele cuja mente
está firme em Ti; porque ele confia em Ti”. Portanto, se sua mente e coração
estão em Deus, então você desfrutará a genuína Paz do Senhor, mesmo em um mundo
de aflições. Pense nisso!
Fontes:
Aula em Vídeo - Lição 1: No mundo
tereis Aflições – Afonso Caramuru.
Aula 01 – NO MUNDO TEREIS TRIBULAÇÕES –
Luciano de Paula Lourenço
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